CONDIÇÕES PARA A ADMISSÃO NA CASA DE PARTO
*Maria Alicia Carrillo Sepúlveda
PROTOCOLO DE CARDIOTOCOGRAFIA DURANTE A GESTAÇÃO
Realizar nas gestações acima de 37 semanas, segundo o esquema abaixo:
ASSISTÊNCIA AO PARTO NA CASA DO PARTO
AVALIAÇÃO ROTINEIRA NA ADMISSÃO
ANAMNESE CUIDADOSA
AFERIÇÃO DOS SINAIS VITAIS
Verificar pulso, temperatura axilar e pressão arterial (PA). Se este último parâmetro encontrar-se elevado, em gestante anteriormente normotensa, proceder da seguinte forma:
AUSCULTA DOS BATIMENTOS CÁRDIO-FETAIS (BCF)
Pelo sonar dopler, preferencialmente, porque permite a audição dos batimentos cárdio-fetais pela mulher e seu acompanhante. A audição conjunta protege o prestador de cuidados contra algum mal-entendido anterior. A ausculta fetal durante o trabalho de parto deve seguir o mesmo princípio.
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE UTERINA
A freqüência de contrações uterinas regulares em 10 minutos, ou dinâmica uterina (DU), pode ser avaliada manualmente, ou pelo cardiotocógrafo. Todas as gestantes em avaliação para admissão são submetidas a uma cardiotocografia, exceto, em casos de período expulsivo. Atenção especial é dada aos casos de taquissistolia com cervicodilatação incompatível, sugestiva da presença de mecônio.
AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO LÍQUIDO AMNIÓTICO
Feita pela amnioscopia, em casos de membrana ovular íntegra, pelo exame especular ou visualização do penso, em casos de amniorrexe. Atenção especial aos elementos do LA sugestivos de maturidade fetal (presença de grumos grossos), ou sofrimento fetal (presença de mecônio). Em caso de amnioscopia suspeita para mecônio, procede-se da seguinte forma:
Índice de Mecônio
Paridade |
Padrão CIB |
Fluidez do Mecônio |
Plano de Descida |
DU |
Nulípara (0) |
Bradicardias (0) |
Espesso (0) |
Acima de zero (0) |
Ineficiente (0) |
Multípara (1) |
Taquicárdico(1) |
++ a +++/4+ fluido (1) |
Zero (1) |
Eficiente (1) |
Gde Multípara (2) |
Ativo/reativo (2) |
+ a ++/4+ fluido (2) |
Abaixo de zero (2) |
Taquitócito (2) |
Quanto mais elevada a pontuação, maiores as chances de bom resultado perinatal. Indices <4 contra-indicam o acompanhamento em Casa do Parto.
AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL
Feita pela cardiotocografia, em todas as gestantes, adotando-se os seguintes cuidados:
AVALIAÇÃO DA BACIA ÓSSEA OBSTÉTRICA
Feita principalmente pelo toque vaginal. Estima-se o grau de insinuação da cabeça óssea fetal: a cabeça pode estar Alta e Móvel (AM), Alta e Fixa (AF), ou Fixa (F) com graus variados de insinuação. O registro do plano de descida é feita pelo método de De Lee. Situações especiais merecem atenção redobrada desde o pré-natal:
AVALIAÇÃO DA VARIEDADE DE POSIÇÃO
As variedades anteriores e esquerdas são as melhores. As variedades defletidas não são recomendáveis para o acompanhamento em Casa do Parto.
SITUAÇÕES ESPECIAIS
GESTAÇÃO PÓS-TERMO
A gestação prolongada é aquela que ultrapassa 42 semanas ou 294 dias, calculados à partir do primeiro dia da UM.
Cerca de 10% das gestações são prolongadas. Para evitar confusão, o termo gestação prolongada, pós-datismo, pós-termo, deve ser utilizado apenas nas gestações acima de 42 semanas.
A gestação prolongada relaciona-se com importante aumento da morbi-mortalidade perinatal. O trabalho de parto é particularmente perigoso para o feto pós-termo:
Pela inconveniência do acompanhamento do trabalho de parto de gestações prolongadas em Casa do Parto, recomenda-se que:
CONDIÇÕES DE REMOÇÃO NO ANTE-PARTO
AMNIORREXE PREMATURA E AMNIORREXE PRECOCE
Pode ocorrer em qualquer época da gestação.
ÍNDICE DE BISHOP
Pontuação |
0 |
1 |
2 |
3 |
Dilatação(cm) |
0 |
1-2 |
3-4 |
5-6 |
Apagamento(%) |
0-30 |
40-50 |
60-70 |
80 |
Altura apresentação |
-3 |
-2 |
-1/0 |
+1/+2 |
Consistência colo |
endurecido |
médio |
amolecido |
|
Posição do colo |
posterior |
médio |
anterior |
CONDIÇÕES DE REMOÇÃO NO INTRA-PARTO
TRABALHO DE PARTO PROLONGADO
Todo acompanhamento de trabalho de parto deve utilizar o PARTOGRAMA.
FRIEDMAN observou que a dilatação cervical evolui conforme uma curva sigmóide, e que pode ser bem definida em duas fases: latente e ativa.
A fase latente é aquela que vai de 0-2cm de cervicodilatação. A curva tende a ser quase horizontal, com poucas variações. Esta fase tem a finalidade de preparar o colo para a fase ativa de dilatação, e dura em média 16 a 20 horas em primíparas, e 12 a16 horas em multíparas.
A fase ativa se inicia com 2-3cm de cervicodilatação, e termina com a dilatação total. O colo está esvaecido e a contractilidade uterina é regular. Esta fase é subdividida em aceleração (2-4cm, em 2 horas), inclinação máxima (4-8cm, em 2 horas) e desaceleração (8-10cm, em 1 a 2 horas).
O acompanhante que ultrapassar 10-12 horas na Casa do Parto, estando a mulher em fase ativa do trabalho de parto, deve ser reavaliado cuidadosamente.
Parada de progressão de duas horas ou mais, na fase ativa do trabalho de parto, justifica a remoção, exceto se demais parâmetros estiverem absolutamente normais.
Em caso de passagem de plantão, a obstetriz que conduziu este trabalho de parto deve acompanhar a resolução do parto, junto com a obstetriz que a suceder no plantão.
Todos os exames de entrada deve ser revistos, confirmando-se a normalidade da evolução do trabalho de parto (amnioscopia ou exame especular, cardiotocografia, confirmação de líquido amniótico claro).
TODO O CASO EM QUE NÃO SE VIU COM SEGURANÇA QUE SE TRATA DE LÍQUIDO AMNIÓTICO CLARO, DEVE SER NOTIFICADO COMO LÍQUIDO AMNIÓTICO DUVIDOSO.
Na avaliação do trabalho de parto, considerar o conjunto dos dados. Qualquer parâmetro alterado, em casos de trabalho de parto prolongado, justifica a remoção da parturiente para o serviço de referência.
Toda remoção deve ser planejada calculando-se o tempo necessário à chegada da parturiente ao serviço de referência, oportunamente e em segurança.
Considerar que o serviço que acolhe a parturiente tem sua própria dinâmica, e nem sempre é possível realizar-se uma cesariana de urgência; não postergar desnecessariamente a conduta a ser tomada.
Decidida a remoção, providenciar a documentação necessária, incluindo uma cópia do PARTOGRAMA, a fim de orientar a equipe hospitalar a tomar a conduta mais adequada ao caso em questão.
CONDIÇÕES DE REMOÇÃO NO PÓS-PARTO
CONDIÇÕES DE REMOÇÃO DE RECÉM-NASCIDO
PARA BERÇÁRIOS DE ALTO RISCO
PARA BERÇÁRIOS DE MÉDIO RISCO
*Aluna Bolsista da FAPESP
Orientadora: Profª Dra.Maria Helena Baena de Moraes Lopes