TODO CUIDADO É IMPORTANTE!!!

Bactérias Multi-Resistentes

Maria Clara Padoveze* e Evandro Luís Oliveira**

 

Bactérias multi-resistentes podem ser genericamente definidas como aquelas que não são susceptíveis aos antibióticos de primeira escolha. Os exemplos mais comuns no ambiente hospitalar são os Staphylococcus aureus resistentes à oxacilina e os Gram-negativos (como Acinetobacter baumanii, Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter cloacae) resistentes aos aminoglicosídeos. Existe grande variação no padrão de susceptibilidade destes agentes e esta resistência pode se estender a múltiplos antibióticos.

 

O desenvolvimento de cepas resistentes a antibióticos se dá por mutação genética natural ou induzida e as cepas mutantes criam diversos mecanismos de inibição da atividade dos antimicrobianos. Existe o potencial de transferência de genes de resistência de uma cepa para outra através do deslocamento de fragmentos de DNA. Segmentos instáveis de DNA cromossômico (trânsposons) podem ser transferidos, bem como, fragmentos de DNA extra-cromossômicos (plasmídeos) levando genes de resistência de uma cepa à outra. Pode ocorrer também a transferência de fragmentos de DNA veiculados de bacteriófagos (vírus que infectam bactérias). Este tipo de transferência pode ocorrer inclusive entre bactérias de gêneros diferentes.

 

O uso de antibióticos induz à uma pressão seletiva sobre as cepas bacterianas, favorecendo a preservação das cepas que sofreram mutação genética para a resistência em relação às cepas sensíveis. A disseminação destes agentes ocorre, particularmente quando as medidas básicas no controle das infecções hospitalares não são respeitadas.

 

Os reservatórios destes agentes no ambiente hospitalar são principalmente os pacientes infectados e/ou colonizados. Entretanto, pode ocorrer o reservatório ambiental através de artigos ou equipamentos contaminados por estes agentes. A equipe de saúde pode atuar como reservatório através das mãos contaminadas. Normalmente a colonização da equipe de saúde tem caráter transitório.

 

De maneira mais comum, a transmissão de bactérias multi-resistentes se dá de maneira cruzada, através dos profissionais de saúde, tanto pelo contato direto entre um paciente e outro, como pelo contato indireto devido ao manuseio de artigos ou superfícies contaminadas. Mais raramente pode ocorrer transmissão por uma fonte única diretamente de artigo ou equipamento contaminado.

 

As cepas de bactérias resistentes a múltiplos antibióticos não apresentam maior potencial de transmissibilidade ou virulência quando comparadas às cepas sensíveis. Entretanto, as infecções devidas a agentes multi-resistentes apresentam opção terapêutica restrita.

 

Os indivíduos sob risco de aquisição de infecção por agentes multi-resistentes são principalmente os indivíduos hospitalizados submetidos a inúmeros procedimentos invasivos, ou os que permanecem por longos períodos em unidades de terapia intensiva e/ou que receberam prolongada antibioticoterapia prévia.



*Enfermeira da CCIH do Hospital das Clínicas - UNICAMP

**Bolsista de Iniciação Científica do PIBIC-CNPq/PRP - Curso de Enfermagem - FCM - UNICAMP


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