Enfermagem em Saúde do Trabalhador



Enfermagem em Saúde do Trabalhador

Isabella Carvalho Ribeiro*



As origens da saúde do trabalhador remontam, segundo os historiadores da medicina, Henry Sigiriest e George Rosen (apud MENDES, 1996), dos tempos de Hipócrates, passando, na Idade Média, por Georgius Agricola.
Porém, o impacto mais forte das necessidades do trabalhador ter sua condição física preservada começa a surgir após a Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, França e Alemanha. A movimentação social da época consegue fazer com que políticos e legisladores introduzam medidas legais do controle das condições e ambiente de trabalho (HUNTER, 1974 apud MENDES, 1996).
No Brasil, um país colônia por mais de três séculos, não houve preocupações com sua mão-de-obra, por esta ser facilmente conseguida através do tráfico de escravos negros e aprisionamento dos índios. Essa preocupação surgia apenas quando ocorriam graves epidemias, pois estas geravam prejuízos devido à alta mortandade desses escravos (LIMA, 1961; FRANCO, 1969 apud MENDES, 1996).
Por influência do modelo de Medicina Social (no século XIX) que utilizava-se na Europa, em que fortalecimento do Estado, proteção da cidade e a atenção aos pobres e força laboral passara a ter valor, aqui começaram a surgir preocupações que determinadas instituições como hospitais, fábricas e outros pudessem oferecer riscos devido a sua localização desordenada. Começa a se falar em planejamento urbano (NUNES, 1989 apud MENDES, 1996).
Iniciam-se trabalhos que associam certas patologias com a função exercida pelo indivíduo; por exemplo, os problemas respiratórios, que, em geral, acometiam mais gravemente os mineradores. Mais tarde, as doenças e outras ocorrências devido ao trabalho passariam a ter conotações de "doenças do trabalho" e mais adiante seriam equivalentes aos "acidentes de trabalho" . A partir destas constatações, ao longo dos anos, medidas foram tomadas no sentido de tentar prevenir essas manifestações clínicas nos trabalhadores (MILLES, 1985 apud MENDES,1996).
Assim, aos poucos, a saúde do trabalhadorfoi conquistando o interesse dos profissionais, e gerando nos trabalhadores o sentimento de reinvidicações por melhores condições de trabalho.Tudo isso fez com que a área médica e a área de enfermagem desenvolvessem amplamente projetos com o objetivo de promover a melhor qualidade de saúde dos trabalhadores.
O processo de enfermagem dentro da saúde do trabalhadorconsiste em promoção de cuidados e proteção aos trabalhadores, torná-los conscientes dos riscos a que estão expostos e fazer com que participem do seu auto-cuidado. Com isso pretende-se minimizar os riscos ocupacionais (BULHÕES,1986).
A relação entre o enfermeiro e o trabalhador é a de ajuda mútua, assim o enfermeiro atende às necessidades do trabalhador e este responsabiliza-se no que for possível pelo seu próprio cuidado e é livre para aceitar ou rejeitar as recomendações de saúde propostas, desde que isso não afete terceiros. A presença do enfermeiro junto a serviços de saúde do trabalhadoré obrigatória, segundo "A Declaração dos Direitos do Paciente" dos EUA, que constitui um direito igual ao do trabalhador, isso ainda não se verifica ainda no Brasil, porém, com esforços conjuntos em breve tornar-se-á vigente aqui também (BULHÕES, 1986).


Para saber mais:





Enfermagem do Trabalho - Vol.II

Riscos do Trabalho de Enfermagem - 2a. edição






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Ivone Bulhões, enfermeira do trabalho, é autora da principal obra sobre enfermagem em saúde do trabalhador publicada em língua portuguesa. Seus livros - Enfermagem do trabalho (em dois volumes) e Avaliação da Saúde em Enfermagem do Trabalho ultrapassaram as fronteiras do Brasil. Da Turma-62 da Escola Ana Néri, da UFRJ, trabalhou pouco mais de 10 anos em três grandes hospitais do Rio de Janeiro. A essa experiência hospitalar, somam-se mais 25 anos de prática efetiva em Saúde do Trabalhador, durante quase 20 anos como enfermeira da Petrobrás.


Referências Bibliográficas

  • BULHÕES, I. Enfermagem do trabalho, v .2. Rio de Janeiro: Ideas,1976 - 1986. 204 p.
  • FRANCO,O. História da febre amarela no Brasil. Rev. Bras. Malorial. Doenças Trop., v 21,número 2, p. 315-320, 1969 apud MENDES, R. Patologia do trabalho. São Paulo: Atheneu, 1996. cap.1, p.9.
  • GALVIN, J.R., D'ALESSANDRO, M.P., ERKONEN, W.E., LACEY, D.L. SANTER, D.M.. The Virtual hospital: a link between academia and practioners (Letter to the Editor). Acad. Med. v.69, p.130, 1994
  • HUNTER D. The diseases of occupation.5th ed. London, The English Universities Press, 1974 apud MENDES, R. Patologia do trabalho.São Paulo: Atheneu, 1996. cap.1, p.7
  • LIMA HF. Formação industrial do Brasil: período colonial. Rio de Janeiro, Ed.: Fundo de Cultura, 1961 apud MENDES, R. Patologia do trabalho.São Paulo: Atheneu, 1996. C.1, p.9.
  • LOPES, M. H. B. M. et al. O departamento de enfermagem do Hospital Virtual Brasileiro. In: FÓRUM NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM SAÚDE, 3., Campos de Jordão, 1996. Anais. v.2, São Carlos, SCHIABEL, H. et al. (ed.), 1996. p.779 /Síntese/
  • MENDES, R. Patologia do trabalho.São Paulo: Atheneu, 1996.cap 1,p. 5-29.
  • MILLES D. From worker's diseases to occupational diseases: The impact of experts' concepts on worker's attitude. In: WEINDLING, P (ed.) The social history of occupational health. London, Croom Helm, 1985. p.55-57 apud MENDES, R. Patologia do trabalho.São Paulo: Atheneu, 1996. cap.1, p.11.
  • NUNES EP. Medicina social no Brasil: um estudo de sua trajetória. In: CamposG.W.S. Merhy EE & Nunes ED. Planejamento sem normas. São Paulo: Hucitec, 1989,p. 113-133 apud MENDES, R. Patologia do trabalho.São Paulo: Atheneu, 1996. cap.1, p.9.


    Veja também:
    ERGONOMIA
    EQUIPAMENTOS E ROUPAS DE PROTEÇÃO
    LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)


    *Aluna do Curso de Enfermagem da FCM - Unicamp e aluna bolsista do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE)- Unicamp. Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena Baena de Moraes Lopes.
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