NÃO SE ESCONDA, SEJA SEMPRE UM VIGILANTE!!!

VIGILÂNCIA MICROBIOLÓGICA DE BACTÉRIAS RESISTENTES NO PRONTO SOCORRO

SÔNIA REGINA PERES EVANGELISTA DANTAS* e EVANDRO LUIS OLIVEIRA**

O aparecimento de cepas resistentes de forma epidêmica no âmbito hospitalar teve início na década de 60 e foram inicialmente reportadas na Europa e Estados Unidos. O fenômeno de resistência vem se desenvolvendo não apenas como conseqüência natural do uso de antibióticos, mas principalmente pelo uso intenso e extenso destas drogas, de forma abusiva e inadequada.

As bactérias resistentes,têm capacidade de colonizar ou infectar pacientes, além de serem facilmente disseminadas por contaminação de pele (mãos) e superfícies ou objetos inanimados. Para cada paciente sabidamente infectado por um microrganismo resistente, há freqüentemente muitos colonizados (efeito iceberg) e a colonização do hospedeiro é um fator de risco para o desenvolvimento de infecção.

No ano de 1996 a CCIH-HC-UNICAMP observou empiricamente que pacientes provenientes do Pronto Socorro internavam já colonizados ou infectados por germes resistentes nas unidades, fato que passou a ser preocupante pelos riscos de disseminação dessas bactérias no âmbito hospitalar.

O atual modelo brasileiro de sistema de saúde centrado no hospital (modelo "hospitalocêntrico"), gera elevado índice populacional aos Prontos Socorros , principalmente públicos e universitários, gerando altíssima demanda com baixa resolutividade. O Hospital das Clínicas da UNICAMP vivencia este problema no dia a dia, com leitos insuficientes (403) para a internação de todos os casos com indicação dos ambulatórios e Pronto Socorro.

De acordo com os dados do Serviço de Estatística do Pronto Socorro-HC-UNICAMP, no ano de 1996 esta unidade atendeu 110.735 pacientes (média diária de 302 pacientes) sendo que 2470 permanecerem na unidade entre 2 a 4 dias, 277 entre 5 e 7 dias e 161 por tempo superior a sete dias.

O Pronto Socorro possui uma Unidade de Observação com 10 leitos onde são assistidos os pacientes de maior gravidade ou que necessitem de observação mais rigorosa ou utilização de procedimentos terapêuticos invasivos (entubação endotraqueal, instrumentação genitourinária, cateteres vasculares, sonda nasogástrica e outros) fatores estes que aumentam os riscos de aquisição de bactérias resistentes.

Embora não haja indicação usual de implantação de um sistema de vigilância epidemiológica em Pronto Socorro, as considerações acima descritas induziram a CCIH-HC-UNICAMP a estabelecer um sistema de Vigilância Microbiológica específico para os pacientes assistidos nesta Unidade de Observação visando a identificação de pacientes colonizados por bactérias resistentes, com o objetivo de controlar a propagação no Pronto Socorro e para as demais unidades de internação do hospital.

Semanalmente é feito um coorte transversal na Unidade de Observação do PS-HC onde todos os pacientes internados naquele dia são submetidos a coleta de exame microbiológico de bacterioscopia e cultura de acordo com os critérios estabelecidos pelo Laboratório de Microbiologia do Hospital das Clínicas que preconiza os seguintes procedimentos para pesquisa de germes resistentes:

Pacientes com entubação endotraqueal:

Coletar uma amostra de secreção endotraqueal através de aspiração com sonda estéril e técnica assépica e transferir o material para frasco estéril

Pacientes não entubados:

A identificação das bactérias é feita de acordo comos critérios estabelecidos pelo Manual of Clinical Microbiology (MILLER & HOMES, 1995) e o antibiograma de acordo com a técnica de BAUER & KIRBY. Os casos identificados como portador de bactéria resistente são imediatamente notificados e solicitada a internação em quarto privativo ou compartilhar quarto com portador da mesma bactéria.


*Enfermeira da CCIH do Hospital das Clínicas - UNICAMP

**Bolsista de Iniciação Científica do PIBIC-CNPq/PRP - Curso de Enfermagem - FCM - UNICAMP


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