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A Enfermeira como Integrante da Equipe Multiprofissional em Centros de Informação e Atendimento Toxicológico

Márcia Regina Campos Costas da Fonseca - Centro de Controle de Intoxicações - UNICAMP - Campinas,1996.

INTRODUÇÃO

Após a II Guerra Mundial, mais precisamente nos últimos 50 anos devido ao acelerado desenvolvimento técnico-industrial e à explosão demográfica que o acompanhou, houve um incremento da síntese, produção e distribuição de novas substâncias químicas.

Isto, sem dúvida, trouxe conforto, benefícios e melhorias na qualidade de vida da população, que passou a contar no seu cotidiano com novos produtos de uso domésticos, industriais, praguicidas, medicamentos, etc.

A produção maciça de substâncias químicas, associada ao uso intenso e por vezes indiscriminado, teve um preço para a sociedade e meio ambiente, com reflexos importantes na saúde pública e ambiental.

As intoxicações passaram a ser um problema de saúde coletiva.

As substâncias químicas, suas características e toxicidade eram desconhecidas pelos serviços de atendimento a urgências clínicas. Não havia, também, informações sobre os efeitos colaterais, as reações idiossincráticas e o tratamento dos casos de overdose de medicamentos, de uso cotidiano dos profissionais destes serviços.

Em um estudo realizado em 1950 nos EUA mais de 50% dos acidentes em crianças, que eram comunicados a pediatras, tinham como provável causa, um envenenamento.

Devido à falta de informações para orientar um tratamento correto, nestes casos, a Seção de Illinois da Academia Americana de Pediatria organizou em Chicago em 1953 um Centro de Controle de Envenenamentos que tinha por objetivos fornecer aos profissionais da área, informações e conduta terapêutica acerca das intoxicações exógenas, além de desenvolver um programa de prevenção de acidentes toxicológicos.

Em 1956, foi proposto pela Associação Americana de Saúde Pública a criação de uma entidade destinada à coordenação e articulação dos Centros de Controle. O "National Clearinghouse" foi então estabelecido pelo governo em 1957. Outras cidades dos EUA seguiram o exemplo de Chicago e organizaram centros com metas similares.

É importante citar que já em 1949 existia em Budapeste, uma enfermaria especializada de 100 leitos exclusivos para toxicologia clínica. Na mesma época, surgiu em Leeds (Inglaterra) um pequeno serviço de informações num hospital geral.

Um avanço importante para o desenvolvimento dos centros de controle de envenenamentos da Europa foi a implantação do Serviço de Emergência de Gaultier em Paris e a publicação de um índex básico de fichas toxicológicas na Bélgica. Em 1964, foi criado a Associação Européia dos Centros de Controle de Intoxicações durante o primeiro encontro europeu dos centros.

No Brasil, o primeiro Centro de Controle de Intoxicações (CCI) foi criado em São Paulo por Schvartsman e Marcondes em 1963, funcionando inicialmente como serviço anexo ao Pronto Socorro de Pediatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O CCI centralizava os dados referentes às intoxicações exógenas e orientava o atendimento às crianças intoxicadas.

Porém, logo após a criação do Centro em São Paulo, percebeu-se que as intoxicações eram também uma importante causa de acidentes com adultos e o serviço passou a atender a demanda de outras clínicas do hospital. Em 1973, este CCI foi integrado à Secretaria de Saúde do Município de São Paulo.

Em 1976, a Secretaria de Saúde e do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul criou o Centro de Informações Toxicológicas (CIT), que tinha por finalidade elaborar um fichário de informações toxicológicas sobre substâncias químicas.

O Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacológica (SINITOX) foi implantado em 1980, pelo Ministério da Saúde, a partir da constatação, entre as prioridades do governo, da necessidade de se criar um sistema abrangente de informação e documentação em toxicologia e farmacologia de alcance nacional, capaz de fornecer informações precisas sobre medicamentos e demais agentes tóxicos existentes em nosso meio, às autoridades de saúde pública, aos profissionais de saúde e áreas afins e à população em geral.

Outros centros de intoxicações foram sendo organizados ao longo dos anos como, por exemplo, o Centro de Informações Anti-Veneno (CIAV) na Bahia em 1980, e o Centro de Informações Toxicológicas (CIT) de Mato Grosso do Sul em 1982.

Em 1993 o Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacológica (SINITOX), contava com 27 Centros em atividade e, com 5 em implantação. Alguns destes, como a maioria de centros de outros países, somente oferecem informações toxicológicas, enquanto que outros também prestam assistência especializada.

O Centro de Controle de Intoxicações de Campinas (CCI) foi criado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em novembro de 1982, e teve sua implantação em 1983. Está integrado às atividades do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, e da Faculdade de Ciências Médicas.

O CCI é um centro de referência regional para intoxicações agudas e crônicas, de origem acidental, ocupacional ou por suicídio, assim como para o atendimento a acidentes por animais peçonhentos. Possui ainda um laboratório de análises toxicológicas, e realiza atividades de epidemiologia, ensino e pesquisa.

Até hoje, foram atendidos mais de 25 mil pacientes, com predomínio dos acidentes por animais peçonhentos, seguido pelas intoxicações por medicamentos, praguicidas e produtos químicos industriais.

O CCI conta com uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, farmacêuticos e pessoal de apoio na área de informática e setor administrativo. O atendimento ininterrupto é assegurado, com base no treinamento de plantonistas, acadêmicos dos cursos de medicina e enfermagem, sob a supervisão dos profissionais do centro.

A participação da enfermeira em um centro de informação e atendimento a intoxicações é relativamente freqüente em outros países, sendo que, em alguns, chega a ser o principal profissional, que atua como especialista em informações toxicológicas ("poison information specialist").

No Brasil, esta categoria tem sido pouco representada nos centros de toxicologia.

No Centro de Controle de Intoxicações da UNICAMP, a enfermeira possibilita sem dúvida, uma maior integração entre as diversas atividades exercidas pelo centro. e exerce as seguintes funções:

ASSISTENCIAIS:

ADMINISTRATIVAS:

ENSINO:

ASSESSORIA E PESQUISA:

As atividades da enfermeira em um centro de controle de intoxicações, descritas neste texto, demonstram existir um grande potencial de contribuição ao trabalho de um centro.

Destaca-se a integração promovida entre as várias instâncias de atendimento em toxicologia, desde a avaliação e tratamento inicial de casos agudos e crônicos, passando pelo seguimento durante a internação e ambulatorial.

É importante o acompanhamento constante de um mesmo profissional junto ao paciente para a eficácia do tratamento, principalmente em casos de suicidas onde a relação de apoio e a observação contínua são primordiais.

A atuação da enfermeira não se restringe à execução de técnicas de enfermagem, mas pode desenvolver funções "ampliadas" de avaliação, ensino, pesquisa e assessoria em toxicologia, amparadas legalmente, desde que haja uma formação adequada.

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Endereço para contato:

Márcia Regina Campos Costas da Fonseca

Travessa Jorge Norton, 40, apto 144 - Centro - CEP: 13015-160

Campinas, São Paulo - Brasil.




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